Libertar e educar os escravos
Movido por esse ideal e com intuito de propor soluções para o problema, o engenheiro Antônio da Silva Neto publicou três trabalhos: Estudos sobre a emancipação dos escravos no Brasil (1866), Segundos estudos sobre a emancipação dos escravos no Brasil (1867) e A Coroa e a emancipação do elemento servil (1869). Neles, defendia a libertação dos filhos das escravas, a adoção de medidas para educá-los e a extinção da escravidão no prazo de 20 anos.
Bezerra de Menezes, médico e político reconhecido na corte, tomou iniciativa semelhante e, em 1868, publicou o opúsculo A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a nação, no qual também defendia a libertação dos filhos de ventre escravo.
A proposta apresentada por ambos não era uma novidade, nem eles eram os únicos a defendê-la. Na verdade, ela estava presente nos jornais e nos folhetos que circulavam pelas ruas da corte. Além disso, tal medida encontrava-se em discussão no Parlamento, mas só seria aprovada em 1871, por meio da Lei do Ventre Livre.
Esse debate público sobre a escravidão se acirrou nos anos seguintes e fervilhou na década de 1880, quando já se defendia abertamente a necessidade urgente de abolição do trabalho escravo. Nesse contexto, a imprensa tornou-se uma verdadeira tribuna política. José do Patrocínio (1853-1905) é um caso exemplar de como os abolicionistas utilizaram os jornais para formar uma opinião pública favorável ao fim da escravidão. Atuando à frente de alguns periódicos, como Gazeta de Notícias, Gazeta da Tarde e Cidade do Rio, ele disparava constantes ataques contra o escravismo.
Nesse momento, Antônio da Silva Neto, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio e Ewerton Quadros estavam em plena militância espírita, ocupando papel de destaque em instituições espíritas da corte e contribuíam ativamente nos periódicos espíritas em circulação. As experiências adquiridas por esses homens em suas trajetórias intelectual, profissional e política exerceram forte influência na condução dada por eles ao trabalho de difusão do espiritismo no Brasil. Com suas convicções e em diálogo com os princípios espíritas, eles contribuíram para que as instituições espíritas se posicionassem diante do debate sobre a escravidão.
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